terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Não todos mas muitos!

Extraído de:    http://www.sal.pt/a2_blog/blog_2011-02-17_deualinda.shtml A menina nasceu a 1 de Janeiro de 1986 e esteve quase a chamar-se Europa, mas em homenagem
à avó materna, que se chamava Teodolinda, chamaram-lhe Linda. A mãe professora de sociologia,
o pai arquitecto, ambos licenciados no início dos anos 80. Ela uma jovem ex-revolucionária de Abril
da margem sul, ele um menino bem da classe média alta lisboeta. Viviam num T3 em Moscavide.
A Linda cresceu e os rendimentos da família também, a mãe deixou a escola e no início dos anos 90
era formadora do FSE, ganhava nove contos por hora e o pai abriu um atelier onde ganhou vários
projectos do município da câmara municipal onde trabalhava anteriormente. O atelier ganhou
novos sócios, ligados ao regime, viu aprovado um projecto de modernização a fundo perdido. Tudo
correu bem. Mudaram-se para o centro de Lisboa, subiram o nível de vida, amealharam. E hoje estão
bem na vida, com alguma segurança financeira. E a Linda ? Quando tinha 5 anos não foi para escola
pública, uma grande amiga da mãe “Deu à Linda” a possibilidade de entrar num colégio privado,
subsidiado pelo estado. Aos 7 anos, o pai “Deu à Linda” uma bicicleta com motor eléctrico. Aos 10
anos, “Deu à Linda” um computador pessoal, que trocou dois anos depois por outro, ao qual
acrescentou a play-station, a máquina fotográfica que ela perdeu no primeiro dia e recebeu outra.
Aos 14 anos a família “Deu à Linda” as chaves de casa, e um ano depois “Deu à Linda” uma scooter,
um telemóvel e as chaves do carro. Aos 16 anos, a mãe “Deu à Linda” um equipamento completo de
Karaoke, “Deu à Linda” uma sessão para criar um book-fashion e “Deu à Linda” uma viagem de
finalistas, onde um amigo “Deu à Linda” todo o seu grande amor. Mas ela acabou por chatear-se
com ele, porque lhe ter roubado a scooter e o último telemóvel que o pai “Deu à Linda”. Ela perdoou-lhe
e agora são amigos. Já tinha tido vários computadores, mas era magnífico o portátil que o pai “Deu à Linda”
aos 20 anos. Ela partiu-o numa briga com a sua colega de quarto, por esta lhe ter bisbilhotado o IPhone
que a mãe “Deu à Linda”. Entrou numa faculdade privada e o pai “Deu à Linda” todo o curso, e o mestrado
e a especialização. Sempre que passou a mais uma cadeira, o pai “Deu à Linda” tudo o que ela ansiava.
Os pais da Linda eram muito amigos dela. Nunca lhe criaram dificuldades. Sempre que era preciso algo
“Deram à Linda”. Hoje dão-lhe residência, almoço e jantar. Dão-lhe de vestir e uma mesada para copos.
Ela anda à procura de emprego, mas é muito boa moça e trabalha como voluntária no banco alimentar.
Nunca precisou de lutar por nada. Nunca aprendeu a fazer nada. Não vale nada.
Será esta a geração “DeoLinda” ?

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