REPASSE POR FAVOR ! A BEM DE TODOS OS PORTUGUESES ! COMO A
ISLÂNDIA "ABATEU" OS POLÍTICOS CORRUPTOS !
(Estamos neste estado lamentável por causa da corrupção interna – pública e
privada com incidência no sector bancário – e pelos juros usurários que a
Banca Europeia nos cobra.
Sócrates foi dizer à Sra. Merkle – a chanceler do Euro – que já tínhamos
tapado os buracos das fraudes e que, se fosse preciso, nos punha a pão e
água para pagar os juros ao valor que ela quisesse.
Por isso, acho que era altura de falar na Islândia, na forma como este país
deu a volta à bancarrota, e porque não interessa a certa gente que se fale
dele)
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Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à
bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país perdido
no meio do mar, deu a volta à crise.
Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do
sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não
alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar.
Em 2007 a Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento
excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se
afogou num oceano de crédito mal parado. Exactamente os mesmo motivos que
tombaram com a Grécia, a Irlanda e Portugal.
A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante
muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas “macaquices”
bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no ranking dos países com
melhor nível de vida (numa altura em que Portugal detinha o 40º lugar).
País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde
então governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder
até levar o país à miséria.
Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos
conviveu, o PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura
deste organismo não teve comiseração, e a tal “ajuda” ir-se-ia traduzir em
empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para cima),
que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das famílias
islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de 350
Euros / mês ao FMI. Parte desta ajuda seria para “tapar” o buraco do
principal Banco islandês.
Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos
despojados dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples:
os custos das falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas
sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores. E todos aqueles que
assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora aguentar com os
seus próprios prejuízos.
O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um
referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir
os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI.
Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a
realização de novas eleições.
Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi
a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e
corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um
partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e
conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que
lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia). O partido do poder (PP)
perdeu em toda a linha..
Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo:
aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa em favor
de outra produtiva e exportadora, e tratar de ingressar na UE e no Euro logo
que o país estivesse em condições de o fazer, pois numa fase daquelas, ter
moeda própria (coroa finlandesa) e ter o poder de a desvalorizar para
implementar as exportações, era fundamental.
Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável
aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa. Os cortes na
despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não “estragar” os serviços
públicos tendo-se o cuidado de separar o que o era de facto, de outro tipo
de serviços que haviam sido criados ao longo dos anos apenas para serem
amamentados pelo Estado.
As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e
conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a
pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser
assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas
características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da
crise sem estender a mão à Banca internacional. Um exemplo perigoso demais.
Graças a esta política de não pactuar com os interesses descabidos do
neo-liberalismo instalado na Banca, e de não pactuar com o formato do actual
capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma
política interna onde os islandeses faziam sacrifícios, mas sabiam porque os
faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios, sair da recessão já
no 3º Trimestre de 2010.
O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua
caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias
melhores. Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu,
cumpriu com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses
hoje sabem que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem
a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas.
Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial,
pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações.
Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que
é sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança
social básica, não foi tocado.
Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos.
Não tardarão meia dúzia de anos, que a Islândia retome o seu lugar nos
países mais desenvolvidos do mundo.
O actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos.
Está a cumprir, de A a Z, com as promessas que fez.
Se isto servir para esclarecer uma única pessoa que seja deste pobre país
aqui plantado no fundo da Europa, que por cá anda sem eira nem beira ao
sabor dos acordos milionários que os seus governantes acertam com o capital
internacional, e onde os seus cidadãos passam fome para que as contas dos
corruptos se encham até abarrotar, já posso dar por bem empregue o tempo que
levei a escrever este artigo.
Por Francisco Gouveia, Eng.º
gouveiafrancisco@hotmail.com
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